quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uma calcinha cor de rosa

Pronto. Era tudo que eu precisava: uma calcinha velha e rosa para a virada do ano. Porque rosa eu não sei, mas eu sempre virei o ano de calcinha rosa. Desta vez rosa choque. Porque velha? Porque sim! Precisa ser velha, muito velha, como sempre.
Mais uma vez tive um conflito nervoso com a blusa e o sapato. Tenho poucos sapatos, isso já é fato. Ou talvez pouca inspiração, mas deixa isso pra lá. Minha roupa era cinza novamente e se não era pra inspirar ou atrair qualquer coisa pro ano que estava por vir preferi pensar que era por luto pelo ano que passou. Não que ele tenha sido somente coisas ruins, mas o luto era justamente pras coisas ruins que nele tinham acontecido. As boas eu guardei no coração. Ainda assim faltava alguma coisa.
Como sempre nessas festas chega a hora de reencontrar pessoas, encontrar pessoas, se despedir de pessoas e tropeçar em pessoas, latas de cervejas e afins. Cachorrinhos não comemoram ano novo? Não vi nenhum por lá. As pessoas muitas vezes me irritam. A multidão, aquela garoa fina, típica dessa época do ano, ou dos anos, já que é entre um e outro que sempre chove.
Eu não sei entre quantas mil pessoas eu estava, e era mesmo melhor não saber pra não ter mais aflição. O que importa é que eu estava extremamente sozinha. Sim, sozinha. Aquele novo me sufocava, estar presa me sufocava e entre mais de não sei quantas mil mãos só poder segurar em um par delas, pertencentes a um só tronco. E entre mais não sei quantos mil troncos, incluindo as árvores, só poder abraçar um deles sem culpa me sufocava.
Parecia uma premonição cada segundo do que ia acontecer. Eu sabia, sempre sabia, pra onde ir, onde ficar, o que fazer, que hora parar. Não tinha nada de diferente e ao mesmo tempo eu estava fora daquilo tudo, assistindo meu Feliz ano Novo de camarote enquanto tudo acontecia como sempre acontecia. Era exatamente isso, uma noite da qual eu não participei. Na qual eu estava sem estar. Mas eu queria, em cada segundo eu queria entrar naquela noite e poder respirar o mesmo ar que respirava toda aquela multidão. Mesmo que isso me causasse raiva.
Naquele camarote escuro onde eu estava isolada do mundo, mas podia ao menos ver em volta e não desperdicei esse recurso. Das minhas premonições uma delas era que ele estava ali e confesso que desde o início eu já estava esperando, procurando. E num golpe de olhar na mais provável direção onde eu poderia lhe enxergar eu me senti pela primeira vez dentro daquela noite. Eu o vi e meu coração disparou da maneira teimosa e irritante que ele costuma disparar. Me senti viva, pude respirar toda aquela multidão sem nojo, sem medo e dentro da história, parte do mundo, fora do meu camarote. Estava lindo como sempre, aquela boca, aquele cabelo. Ela era alto e forte, era homem.
Numa fração de segundo o golpe de felicidade se tornou golpe de frio, de medo, de lembranças e arrependimentos. A única mão que eu tinha arrastei pra um lugar longe dali, arrastei pra dentro da bola de vidro que me protegia e lá fiquei sozinha outra vez. Cada vez que te olhava, cada vez que te via de longe e você não me via eu saia e entrava naquela história. Fiquei com tudo que havia sobrado, com o resto do nosso fim. Fiquei imaginando por quantas vezes aquilo ia se repetir e com uma imensa vontade de ter em mãos um roteiro de viagens, estava mais do que na hora de passar o ano novo em outra praia.

тє×тo bєєєєєєm vєℓнo, mαร єรρєro qυє goรтєm є comєитєєєm ;) υℓтımoร dıαร dє αℓgυmαร coıรαร є ρrımєıroร dıαร dє oυтrαร. αρєรαr dє тυdo єυ αdoro mυdαиçαร, รєjαm єℓαร boαร oυ rυıиร.

иᾶo ρoรรo єรqυєcєr. dıα 01/02 ƒoı o dıα do ρυbℓıcıтάrıo. ραrαbέиร ρrα иóร!

BeijInhos!

2 comentários:

  1. Pra variar AMEI!! Te vi em cada pedacinho , te imaginei em cada lugarzinhu.. e acho q sei do q se trata.. lembranãs.. boasss, masrcam pra sempre!!!


    AMOTE!!!

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  2. ele... ELE? wow.
    érh... fiquei confusa, oi.

    beijos.

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