terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Tormento

Eu bati a porta do carro, eu bati o joelho na gaveta, eu bebi um copo cheio de café depois joguei minha cabeça, meu corpo e minha alma para traz com tanta força que achei que fosse mergulhar no chão e encontrar um lugar novo. Encontrar um lugar novo era tudo que eu queria. Eu achei que fosse ficar louca e isso é pura loucura porque é tão obvio o meu distúrbio mental. Eu gosto demais dele, ser normal deve ser um porre. Mas eu estava cansada. Resolvi mandar todas aquelas vozes idiotas da minha cabeça calarem a boca, mas elas não me obedeceram. Elas nunca obedecem. Antes eu falava muito, fiquei com medo e comecei a falar pouco, foi aí que essas vozes me invadiram. Minha terapeuta disse que isso me faz mal e que falar muito também não ia me ajudar. Da pra falar médio? Da pra ser média em tudo? Nem puta, nem santa. Nem traste, nem perfeita. Nem sucedida, nem vagabunda. A questão é manter o equilíbrio e quando eu tomo aquele remedinho azul eu começo achar que estou conseguindo.
Pois é, hoje eu não tomei o comprimido azul. Eu comecei a achar defeito nas coisas e coisas nos meus defeitos. Minha cabeça ficou tão pesada que eu andava feito uma bêbada por aí. Foi quando eu abri a janela do meu quarto e vi um muro mal pintado. Durante toda minha vida o meu desejo era derrubar aquele muro pra enxergar o mundo todo e no dia que eu deixei a pilulazinha azul descansar eu percebi o quanto eu queria que ele permanecesse ali intocável, com todas as suas manchas e suas rachaduras, que talvez tivessem mil histórias pra contar. Eu amei aquele muro porque se ele não existisse eu veria todos os dias a mesma paisagem, mas quando bato minha cara ainda sonolenta nele eu posso inventar a paisagem que eu quiser. Pode chover e se eu achar melhor eu ponho nela o sol mais lindo do mundo.
Na metade de tudo eu queria parar, no quarto número eu parei de discar e coloquei de novo o telefone no gancho porque ninguém merece ser a parte branca do comprimido azul que eu esqueci de tomar e ficar ouvindo essas coisas que só alguém que não tem ninguém seria capaz de dizer. Tive até vontade de ouvir aquela música que me faz lembrar coisas boas, mas ela não me faria lembrar absolutamente nada e eu ia parar na metade também. Eu tinha tudo e todos que eu queria, mas aquela embalagem com uma tarjinha preta guardava esse tudo e esse todos como se eu precisasse abri-la para encontrá-los. Se soubessem o quanto eu detesto a cor azul poderiam me dar uma pílula cor-de-rosa, pelo menos combinaria com o meu pijama do Mickey. Apesar de tudo, existe um lado bom. Se eu não tivesse esquecido o remedinho cor de céu eu não teria escrito mais um texto sem pé nem cabeça transbordando de tanto coração.


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(8) - Stop stalling, make a name for yourself.Boy you better put that pen to paper and charm your way out.If you talk you better walk you better back your shit upWith more than good hooks while you're all under the gun - (8)

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It is a good day! And then?

2 comentários:

  1. Ritinha.. ameeei.. seu blogzinho :) continue assim que você vai longe! Eu tenho um fz anos.. eu tava arrumando ele esses dias, ai roubei um texto daqui que eu adorei.. mas te dei os creditos o/

    bjao fofinha
    (L)

    www.funny-world.blogger.com.br

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  2. Hey! Tirando a parte das pílulas azuis {que você não tomooou VIVA!}, eu amo esse texto. É muito coração numa gêmea só. And that's why I love you! :)

    posta mais ALWAYS.
    te amo!

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