segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Caminho.

Caminhado por uma bela rua no centro da cidade (não bem ao centro, mas ali perto, o que é bem melhor), algo me chamou a atenção. Um edifício cujo jardim eu nunca havia reparado. Eram na verdade plantas enfeitando uma fachada, não era bem um jardim. Havia ali plantas diferentes, não pude identificar a espécie, mas eram lindas. Tinham pétalas, ou folhas, que lembravam a Espada de São Jorge, porém eram bem verdes sem mancha alguma, um verde claro e forte, uniforme e aveludado. Em suas pontas havia espinhos, escuros e avermelhados davam a impressão de um perfeito degrade do vermelho claro ao preto, da extremidade finíssima da ponta até a parte mais grossa que se unia a folha. Eles eram atraentes, convidativos e provocantes. Dava vontade de tocá-los até. Uma dor aguda e um dedo sangrando pareciam um preço comum a se pagar diante do que se via. Todos esses detalhes foram vistos sem uma pausa nos passos, continuei no mesmo ritmo, apenas baixei os olhos para enxergá-las. Dali em diante o caminho era cercado de outros edifícios, na verdade eles estavam em um só lado da avenida, na calçada por onde eu caminhava. O lado oposto era uma imensa praça e todo o resto eram carros e pessoas apressadas atropelando outras nem tanto que só andavam apreciando as belas coisas dali. O chafariz que tanto gosto estava desligado. Fiquei indignada. Passei por bancas de jornal, padarias, bancos e restaurantes. Um deles em particular O Restaurante. É curioso que todas as vezes que passo por ali naquele horário alguém está abrindo o portão, não todo, apenas uma parte dele, espaço suficiente para uma pessoa ou um carro. Por mais que seja porque algum funcionário está entrando, iniciando seu expediente tenho a impressão de que é um convite para que eu entre. Não, obrigada. Os momentos ali são de se passar acompanhada, se já os passei com alguém não quero renovar lembranças passando outros sozinha. Após o restaurante vem a parte mais triste do caminho. Está frio, neva. É uma neve invisível, posso senti-la apenas, não consigo vê-la. Mas neva, pode acreditar. O frio combina com a tristeza de passar em frente ao hospital, ou um posto de saúde, não sei ao certo. Não que um hospital seja assim tão triste, mas aquele em especial, não é nada simpático. Seguindo o caminho torna-se chato. Detesto atravessar avenidas enormes, dessa vez o farol não demorou muito para fechar e eu pude passar e tropeçar bem no meio do trajeto. Sem gafes não seria eu. Alem de chato o caminho é feio depois da avenida. Ando um pouco mais e viro a esquina naquele famoso cruzamento. Começo a subir a rua. É nessa hora que minha alma fica e o meu corpo segue. Fica mais difícil caminhar. Não sei se pela falta da alma, mas tudo parece mais pesado e frio. Até o Sol se esconde. Minhas mãos cada vez mais geladas quase pedem para que eu volte. Impossível. Tudo em mim está triste agora. Não importa o tamanho do motivo ou até mesmo o próprio motivo. Se há algo que detesto esconder ou mascarar são os meus sentimentos. Sinto uma vontade maluca de voltar e não espetar apenas o dedo naqueles espinhos, mas as duas mãos inteiras. Parecia um preço digno de se pagar, um preço necessário. Eu preciso me mostrar à diferença entre o sacrifício e a imbecilidade. Será que vale a pena todo tipo de sofrimento assim como os espinhos daquela flor? Chego ao meu destino. Alem da alma é a vez do meu coração ficar do lado de fora. E eu queria muito, mais do que nunca, voltar aquele restaurante e ver você me fazendo esquecer essas besteiras.

sábado, 13 de junho de 2009

Coragem para amar mesmo sem coragem.

Em cada rosto eu via coisas que me faziam acreditar na minha felicidade, mas porque no seu eu não conseguia enxergar nada? Eram meus olhos que olhavam errado ou eram os seus que não me encaravam? Eu continuei olhando até você sorrir e ai me enchi de todas as coisas estranhas que me assustam, mas são tão boas que eu nem sequer consegui sentir o medo de verdade, eu senti a paz, no instante do teu sorriso. E eu realmente pensei que eu merecia aquilo, não mais que aquilo. Respirei e me contentei em estar longe, mas pelo menos estar. O que eu sentia não podia ser descrito e eu ainda queria poder levantar e andar mais aquele metro que me separava de você. Eu tentava controlar enquanto andava com medo, amor, alegria, dor, até chegar e dizer um oi qualquer, sentir teu cheiro e te abraçar, trocar palavras e se despedir. Você vai embora e pronto, tudo esta igual de novo. Talvez o que eu espero é um abraço seu que me mude a vida. Isso existe? Começo a não acreditar nem no amor. E a parte de não acreditar não me soa tão importante, mas eu tive a sensação, a leve sensação, de que quando eu te abracei, faltava você. Você estava lá, mas não estava, eu abraçava mais e estava totalmente lá, pedindo um pouco mais. E ainda não consigo acreditar que já fiz isso tantas vezes, tantas vezes abracei com tudo que tinha e não senti você me abraçar. Tantas vezes eu jurei nunca mais fazer isso, mas o número de vezes que descumpri a promessa, foi incrivelmente maior. E sinceramente, eu não encontro um motivo para te convidar tanto para tudo, será amor ao não? Amo, odeio, amo, odeio, amodeio? E vou vivendo cada um dos meus dias, sentada naquela escada esperando você voltar de onde eu nunca sei, indo pra onde eu nem posso imaginar, um onde que com certeza é bem longe de mim, bem fora do meu mundo, bem distante do que eu ainda posso alcançar.E mal eu acredito em mim, então não se esforce em conseguir acreditar, mas eu ainda assim tento te alcançar, em pensamento e em sentimento. Eu te procuro até mesmo na luz do sol, tem horas que eu vejo teu reflexo e era só de tanto pensar em você. E eu tento alcançar o lugar para onde você vai. Para onde você vai? Mais uma vez pra longe de mim, pro fim de papo, por já chega sai fora daqui. Se um dia eu pude acreditar com todas as forças que você sentia muito amor por mim isso é o que me faz ainda ter um restinho da coragem mais inútil de se sentir. É tão inútil que nem mesmo serve mais, passou do prazo de validade. Será que se eu levar na assistência técnica dos sentimentos, eles trocam por quilos {ou será litros?} de coragem novinha em folha, de te amar profundamente e irrevogavelmente?Pra que? Voltemos ao início da cena, pra talvez ser mais realista. Você chega, eu te olho e você sorri. As pernas bambas o coração acelerado. Tomo coragem de ir até você, na verdade só obedeço a vontade. Seu perfume é bom eu te abraço cheia de amor, você me abraça simplesmente. A gente conversa, eu sou meio chata, eu sei. Outro abraço pra se despedir e você vai embora. Eu sinto que ta faltando alguma coisa que eu não disse ou não fiz. Apenas isso. Tudo isso. Eu, você e mais um dia sem ninguém.E eu aqui tentando lembrar todos os detalhes, sem conseguir lembrar nitidamente de nada, decerto culpa da dor das lágrimas que rolaram e cicatrizaram dentro do meu peito. Eu não preciso de coragem para sofrer, então não preciso de coragem para te amar e ponto final.

domingo, 7 de junho de 2009

A 18 anos atrás.

No Dia da Liberdade de Imprensa no ano de 1991 nasceu uma bolinha pequena e cor-de-rosa. Eu. E tantas coisas aconteceram de lá para cá. Fui crescendo e me tornando essa menina sensível, as vezes até demais, sonhadora, amante, colorida e cinza também! Eu começo a pensar em tantas coisas que já me aconteceram, em tantas pessoas que já passaram pela minha vida e fica a sensação de que aconteça o que acontecer eu quero ser essa menina brincando no balanço e mostrando a língua pra foto, por que ela sim é a essência do que há em mim.

Agora eu vou fazer um brigadeiro, servidos?

sábado, 6 de junho de 2009

Pura e crua.


Após um imenso turbilhão de trabalho e mais trabalho posso dizer que estou mais tranquila. Claro que estou, visto que passo por aqui. Durante alguns dias me vi totalmente sem inspiração, vazia. Era uma sensação estranha que beirava o desespero, o medo de nunca mais esbanjar minha entrelinhas. Li, bem pouco. Sofri, bem muito. Nessas horas é que reforço a teoria do sofrimento. Cada um tem o seu e se eu quiser chamar minhas terríveis olheiras de sofrimento porque não posso? Não precisa ser grande para ser sofrimento, sendo meu acho que nem há muito o que discutir, sou eu quem está sentindo, não sou? Não acho justo que venham dizendo coisas do tipo: "Ah! Levanta esse ânimo, não fica assim por besteira." Tudo bem que mostrem o caminho, tentem reanimar, mas é difícil entender que se não tivesse motivo eu mesma saberia e não estaria... Sofrendo? Se existe algo muito particular são os motivos, pra rir e pra chorar, eles são seus e de mais ninguém. And I still walk! Algumas palavras-chaves me fizeram suportar algumas semanas que seriam imensuravelmente insuportáveis sem elas. É só olhar e dizer, você sabe fazer isso de um jeito que me irrita. Irrita porque essas palavras deveriam ser minhas, mas insistentemente elas continuam vindo de você. As gafes? Quando eu deixei de cometê-las? E elas sempre ficam na memória pro arrependimento me corroer. Sim, é muito chato admitir que os erros vêm para nos ensinar, aprender é necessário e eu ainda sou uma criança descobrindo o mundo. Mas eu admito! Aliás, admitir é gratificante, já perceberam? Ai eu me pergunto: Por que certas pessoas não admitem que não gostam de mim? Seria tão mais fácil se eu tivesse um motivo assim pra sair da vida delas.
Eu sigo ouvindo minhas músicas no meu MP3 colorido, passando pelas mesmas ruas todos os dias e ainda assim errando o caminho. Baixando séries que são a vida que eu sonhava ter. Criando outras histórias, talvez pra fugir dessa realidade tão pura e crua. Olho para ela. Ela é minha. E tem gente o tempo todo a jogando na minha cara. Calo. É melhor continuar aqui tendo desilusões do que correr o risco de nunca mais perder uma noite de sono na ansiedade de te ver no dia seguinte.
06 de Junho - Hoje é véspera ;)
Beij[o]